sábado, 23 de fevereiro de 2008

Profissões em Desuso - Entrevista ao Sr. António de Oliveira

As alunas Alexandra Rico; Maria Infante e Teresa Coutinho realizaram uma entrevista no âmbito das profissões em desuso (abegão):
1º) Qual é o seu nome?
O meu nome é António Fernando Pires de Oliveira.

2º) Qual é a sua idade?
A minha idade é: 67 anos.

3º) Onde é que nasceu?
Nasci em Moura a 10 de Agosto de 1940. Na rua da Estalagem nº 8.

4º) Vive em Moura há quanto tempo?
Vivi em Moura até quase aos 30 anos. Mas tenho casa cá. Na rua Pedro Alvares Cabral nº1.

5º) Que idade tinha quando começou a exercer esta profissão?
A idade com que comecei a trabalhar foi muito cedo, como era tradicional naquele tempo. A tempo inteiro comecei quando fiz a quarta classe pouco antes de fazer 11 anos.

6º) Quantos anos trabalhou nesta profissão?
Na profissão trabalhei até Novembro de 1969. Cerca de 18 anos.

7º) Gostava do que fazia?
Se gostava do que fazia? Na época não. Mas, hoje, ou desde há muito tempo sim…

8º) Porque escolheu esta profissão?
Eu não escolhi a profissão. De certo modo, fui obrigado a abraça-la.

9º) Tinha uma oficina para si próprio?
A oficina foi criada pelo meu pai. Não só para a independência dele, mas também a pensar nos filhos, eu e o meu irmão. Dizia muitas vezes que era os filhos não andarem debaixo dos pés de ninguém. Infelizmente, devido ao avanço da Tecnologia, a profissão de carpinteiro de carros (abegão), tal como muitas outras, extinguiu-se…

10º) Quais os instrumentos necessários ao exercício do seu trabalho?
Os objectos, ou ferramentas utilizadas, eram em grande número e de muitas variedades: vários tipos de: serrotes; serras; peleiras e garlopas, ou reboques; furmões; trados e… muitos, muitos mais. Só possíveis de enumerar, de viva voz.

11º) Quantas horas trabalhava por dia?
Como trabalhávamos por conta própria, não havia horário. No verão quando havia mais trabalho e os dias eram maiores, o horário podia ir das 10 as 12 horas.

12º) Gostaria de ter tido outra profissão?
Quando comecei na profissão, detestava-a, depois comecei a gostar. Hoje, recordando o que ela tinha de bonito, sinto um grande amor e saudade por tê-la exercido.



"Fiquei de veras sensibilizado, por esta viagem ao passado. A um tempo duro e fazer-me recordar a profissão que foi o meu principio. Apesar da sua dureza e fraca remuneração, recordo-a, hoje, com muita ternura e saudade. E mais não digo, porque a sinto profundamente.

Minhas boas meninas, não sei se, o que aqui ficou relatado é suficiente para o vosso trabalho escolar. Espero que sim! Por mim, fiz o possível para ir ao encontro do que vocês precisam. Ainda assim fica muito… muitíssimo por dizer. Beijinhos."

Texto relatado pelo entrevistado!

António Fernando Pires de Oliveira.

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